Palestra “Passos para uma vida sem drogas” emocionou famílias


A dura situação de dependentes químicos e de familiares que lutam contra o mal do século

Uma oportunidade para dependentes químicos, ex-dependentes, suas famílias e a sociedade para o conhecimento e discussão sobre um assunto tão temido, mas tão pouco difundido. Saber dos males que as drogas lícitas e ilícitas podem causar a uma pessoa, disso todos têm informações nos veículos de comunicação, no bate papo de trabalho, nas praças, etc.

Mas como lidar com um dependente químico? Poucos conseguem ou entendem. A partir desse ponto, o coordenador social e Conselheiro de Dependência Química da Associação da Divina Misericórdia de São João Nepomuceno, Anderson Luiz Amaral Gomes, de 38 anos de idade esboçou e apresentou a plateia na noite de terça-feira (14), uma palestra com o tema “Passos para uma vida sem drogas” – Caminhos da Restauração. 

No primeiro tópico, o olhar da sociedade diante dos dependentes químicos, no qual uma grande parcela julga como marginais. “No Antigo Testamento temos leituras sobre os leprosos, que viviam na margem da sociedade (marginalização), assim como os usuários. As pessoas antes e hoje têm medo de lidar com eles. Desta forma, são jogados ao fundo do poço. É difícil encontrar alguém que saiba lidar com esta situação. Tanto o dependente e as pessoas ao seu redor, no que podemos chamar de co-dependentes precisam ser tratados. Vejo pais, esposas, maridos e filhos adoecerem e perderem o rumo da vida”, comentou Anderson.
Anderson Amaral apresentou palestra
A palestra ou reunião contava com a presença de rapazes que procuram curar e sair da dependência de drogas ilícitas (maconha, cocaína, crak) e lícitas (bebida alcoólica). Também, um ex-dependente, mães, pais e irmãos de usuários na busca de uma orientação. Infelizmente, o público não era tão grande e expressivo, mas quem estava lá, assim como a nossa equipe pode escutar e presenciar depoimentos emocionantes de quem viveu, quem ajudou ou precisa de apoio.

“Tenho que ser realista aqui no encontro com vocês. Acompanhei muitos casos que a pessoa começou a usar drogas achando que nunca ficaria viciado e que estava com o controle nas mãos. Engano dela, pois a maioria dos dependentes que sofrem hoje começou desta maneira. Os pais devem observar os filhos, agir o quanto antes para não deixar a situação ficar ainda pior. O jovem inicia desta maneira, daí começa a usar mais, até o abuso. Quando vai perceber está adicto (escravo da droga) e ela passa a dominar a vida da pessoa, e assim afastando o jovem da família, da namorada (o), dos amigos, do trabalho, do estudo, ou seja, o fundo do poço. Estou dizendo isso com base da experiência vivida nos atendimentos aqui na Divina Misericórdia”, explicou o convicto palestrante que escutou alguns depoimentos com atenção e apresentou alguns passos que devem ser seguidos no combate às drogas. 

Seriam eles: Admitir a impotência diante do problema (drogas) e reconhecer a necessidade de ajuda. Anderson citou que o dependente deve entender o que está acontecendo com a vida dele, e a partir daí, tomar a decisão de se cuidar na busca de orientação e entrar no processo de recuperação (tratamento). E por fim, colocar em prática um “projeto de vida”, no qual o palestrante diz ver muitas dificuldades das pessoas para este último item. 

A busca de um caminho para retomar a vida
Diante disso, o retorno do dependente para casa e sociedade. É necessário paciência e solidariedade. Entender o que a pessoa está precisando e dar a ele a tranquilidade de voltar a uma vida tranquila, sem vícios (e evitar más companhias, etc). 

“Queremos celebrar e fazer com que outras pessoas despertem. Nós podemos fazer a nossa parte. Cada pessoa tem como colaborar. A Associação pode ajudar nesse percurso. Recebemos pais para conversar sobre filhos que usam drogas desde cedo, com 12, 14 anos de idade”, disse Anderson que ainda reforçou o pensamento de que todos devem fortalecer suas convivências pessoais, familiares, profissionais e espiritual.

 Um equilíbrio para não perder a base. Ao final do encontro, Anderson informou que existe um grupo de Apoio aos Dependentes Químicos na Associação da Divina Misericórdia com reuniões nas terças-feiras, a partir das 19h30 e quem tiver o interesse de participar pode procurar a sede na Rua Guarda Mor Furtado, centro, ou telefone 3261 2181, e-mail: divinamisericordiasjn@hotmail.com

O coordenador lamentou a paralisação há um mês do grupo “Amor Exigente”, que funcionava para atender às famílias de dependentes químicos nas noites de quarta-feira. O motivo segundo ele foi que nenhuma família estava comparecendo aos encontros, mas em caso de procura poderá retornar.

Por Márcio Sabones
(Matéria assinada por este jornalista no jornal Voz de S. João,
edição nº 5501 de 18 de março de 2017)
Fotos: Márcio Sabones

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